Sunday 19 October 2008

A lenda do coração que explodiu

Só escrevo isto porque não consegui encontrar nenhuma página de romance, nenhum trecho de poesia, nenhuma letra de música nem nenhuma melodia. As palavras dos outros não estão bastando, não estão sendo suficientes. O que eu sinto só eu sinto, e ninguém senão eu mesmo pode dizer. Eu não sou o que os outros são, nem o que querem que eu seja, e me sinto aliviado por reconhecer que inventei meus desejos. Mas enfim, eu falava do sentimento em si. É que é difícil tornar bonito em palavras o que é feio em sua essência. Essa é uma tarefa para os artistas, esses seres que nos cativam com sua sujeira, desgraça, mazela, nojeira. Eles nos fazem admirar a angústia contida em um grito, a esquizofrenia de nuvens desordenadas, o grotesco de corpos mutilados. É o lado bom da perplexidade. Eu? Não consigo fazer assim. Só saberia descrever cartesianamente a mistura de mágoa e frustração que me incha, fazendo meu coração bater tão forte que eu noto alterado o fluxo de sangue que passa pela minha garganta.

Acho que é isso que, cartesianamente, convencionaram chamar de tristeza.

PS. Decidi ir ao médico amanhã. Tenho certeza que me farão uma punção.

eu tive que copiar isso do blog da Cecilia

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